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Governo Vilela vive ‘crise de identidade’ na segurança pública

Sem alternativas e no fracasso, Estado ressuscita plano de Lessa contra a violência

O oitavo e último ano da gestão Vilela vive o que se pode chamar de ‘síndrome do eterno retorno’ em sua área mais nevrálgica, a segurança pública. Em seu quinto secretário, a pasta da Defesa Social já teve todo o tipo de perfil em seu comando – um vagaroso general, um bem intencionado policial federal, um militar com anseios políticos e, por último, um vaidoso procurador de Justiça.

Em comum, todos tinham o discurso de tentar diminuir a onda de violência que tornou Alagoas o estado mais perigoso do País. Entre uma ideia mirabolante e outra, que acabaram não funcionando, eis que o governo tira da cartola boa parte dos instrumentos da gestão anterior e rebatiza de “novo pacote de serviços na segurança”.

No último dia 19 de março, a Secretaria de Defesa Social ressuscitou a Operação Litorânea Integrada (Oplit) – desativada em 2008 –, a Central de Atendimento ao Turista – que existia como delegacia – e vários postos do PM Box – que também foram fechados neste governo sob o argumento de ineficácia. Para fechar o pacote de estratégias anteriores desprezadas no início da gestão tucana e que agora ganham ares de novidade, o governo tenta recriar, a apenas nove meses do fim do mandato, a Secretaria de Ressocialização, que ele próprio extinguiu e transformou numa superintendência penitenciária.

O pacote emergencial criado pelo secretário-relâmpago, Eduardo Tavares, que ficou apenas três meses no cargo, foi anunciado como estratégia para “fortalecer o combate à criminalidade e garantir maior segurança aos cidadãos alagoanos”. As ações atuais acabam caindo como uma verdadeira contradição ao longo de toda a gestão Vilela, que, entre os vários delegados-gerais da Polícia Civil, secretários e comandantes da PM, rejeitou tudo o que foi deixado pelo governo anterior na área de segurança e, embora tenha tentado mudanças com medidas radicais – como a renovação total das cúpulas das polícias –, os índices de criminalidade só cresceram e alçaram Alagoas ao topo do ranking da violência.

APOSTA NO QUE ANTES ERA ‘INEFICAZ’

Um outro instrumento aposentado no atual governo e que retorna a poucos meses do final da gestão é o PM Box. O comando anterior da Defesa Social enterrou o modelo classificando-o de ineficaz e saiu desativando todos os postos capital afora, na periferia e na área nobre, apesar das reclamações da população, que dizia se sentir mais segura com a presença dos policiais.

Um dos casos mais fatídicos envolvendo a ausência de um PM Box foi o assassinato do médico José Alfredo Vasco, que foi morto em 2012 no Corredor Vera Arruda. A onda de protestos cobrava a implantação de uma unidade no local e a reativação do posto que existia no Stella Maris. Na época, o comandante de Policiamento da Capital, Gilmar Batinga, afirmou que o PM Box não garantia segurança por seu raio de abrangência ser muito curto.

Agora, a criação e a reativação de postos são colocadas pelo governo como algumas das iniciativas mais incisivas no combate à violência. O bairro onde o médico foi assassinado não só teve de volta o antigo PM Box, como ganhou um outro. Além disso, a Defesa Social inaugurou unidades no Jacintinho, no Centro e no Benedito Bentes numa demonstração de que o “ineficaz” já não é visto da mesma forma.

PROJETO NA ALE QUER ‘REABRIR’ SECRETARIA

A volta ao passado não termina por aí. Está para ser aprovado pela Assembleia Legislativa Estadual a recriação da Secretaria de Ressocialização, que já existia quando Vilela assumiu e também foi mais uma estrutura extinta na segurança e substituída pela Superintendência de Gestão Penitenciária (Sgap).

Agora, o governo quer tirar novamente a unidade de dentro da Defesa Social para dar-lhe independência. A justificativa é “realizar um trabalho específico, voltado à promoção da dignidade humana e da paz social com mais agilidade”.

Para o presidente do Sindpol, uma nova pasta no último ano de gestão só se justifica por necessidades políticas. “Só pode ser para acomodar questões políticas do próprio governador. Os presos já têm a Sgap. Para quê uma outra secretaria?”, indaga.

Para o ex-governador Ronaldo Lessa, a única explicação para esse “pacote” na área de segurança é o marketing político. Para ele, o desmonte das estruturas e as ações ao longo dos sete anos da atual gestão custaram muitas vidas e, agora, essa seria uma forma de ‘se redimir’ junto à população.

“Foi um equívoco o que fizeram na segurança. Desmontaram a estrutura, acabaram com as delegacias especializadas, trouxeram pessoas que não tinham qualquer experiência e destruíram tudo o que foi mantido com muito esforço. Nós criamos e eles acabaram”, critica.

 

Por: Gazeta Web

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Publicado em: 06/04/2014 às 10:54

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