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87% dos maceioenses se posicionaram contra a legalização da maconha, diz pesquisa

A reprovação aumenta na medida em que a faixa etária dos entrevistados também cresce

‘Na sua opinião o consumo de maconha deve continuar proibido ou deve ser liberado?’ essa foi a pergunta respondida por mil maceioenses nos dias 18 e 19 de agosto. A pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino (IBRAPE) apontou que 87% da população se posiciona contra a liberação, e que a reprovação aumenta na medida em que a faixa etária dos entrevistados também cresce.

Apenas 11% das respostas foram favoráveis ao consumo liberado, a maior parte delas sendo dadas por entrevistados entre 16 e 29 anos. Os que não tinham opinião formada ou decidiram não responder ao questionamento somaram 2%.

O bairro da Ponta Verde foi o que registrou o menor índice de posicionamentos contrários à liberação, o que talvez possa evidenciar a afirmação de quem registra ocorrências diárias ligadas ao tráfico, de que o envolvimento com este tipo de entorpecente não tem restrição de classe social.

“Antigamente estávamos acostumados a ocorrências provenientes de bairros da periferia, mas o quadro mudou e não há mais delimitação social no uso e comercialização. Também não há limite de faixa etária, a cada dia registramos mais casos de menores de até 12, 13 e 14 anos recrutados pelo tráfico”, revelou o delegado Jobson Cabral, responsável pela Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DRN) até a última quinta-feira (22) quando foi substituído pelo delegado Ronilson Medeiros.

O crescimento no número de jovens e principalmente adolescentes envolvidos em ocorrências de tráfico pode ser constatado nos relatórios diários do Centro Integrado de Operações (Ciods). A pesquisa do Ibrape apontou que são exatamente eles os que mais se posicionaram a favor da liberação.

Na faixa etária de 16 a 29 anos, 20% dos entrevistados responderam que o consumo da maconha não deve continuar proibido. Apenas 8% dos que opinaram entre 30 e 49 anos tiveram o mesmo posicionamento. O índice cai para 6% nas respostas de entrevistados com 50 anos ou mais. Os que não deram resposta somaram 2%.

O grau de instrução dos mil alagoanos que responderam ao questionamento também foi levado em consideração e revelou que a medida em que a escolaridade aumentava a aprovação a legalização do entorpecente seguia a mesma linha. Entre os analfabetos, 89% disseram que a proibição deve continuar, 8% foram a favor da liberação e 3% não opinaram.

O número de reprovação a legalização foi de 87% entre os que completaram o 1º grau, o de aprovação ao consumo livre foi de 10% e 3% os que não responderam. Os que fizeram o 2º grau tiveram respostas semelhantes aos do 1º, com 88% negando a descriminalização, 10% aprovando e 2% deixando de opinar.  Os entrevistados com nível superior foram os que mais se mostraram abertos à discussão, com 81% afirmando que a maconha deve continuar ilegal, 18% a favor da legalidade e apenas 1% deixando de responder.

O grande problema levado a tona nesse debate é o alto índice de crimes relacionados a esse consumo. Somente em 2013 a DRN finalizou mais de trezentos inquéritos. Isso significa que mais de trezentas pessoas foram autuadas e presas por comercializarem drogas. Na quase totalidade dos casos a maconha está entre os entorpecentes apreendidos com os acusados. O delegado Jobson Cabral ainda ressaltou que os números são mais alarmantes se os homicídios ligados ao tráfico forem analisados.

“Para a gente que lida com esse universo todos os dias é simples perceber o mecanismo. A maconha é a porta de entrada para entorpecentes mais pesados, de repente o usuário cria a dependência, muitas vezes se endivida e acaba pagando com a vida”, finalizou o delegado ressaltando que o país e muito menos o Estado tem condições de lidar com uma realidade em que a maconha seja uma droga liberada.

Os integrantes do movimento Marcha da Maconha Maceió concordam que os números da violência impetrada pelo tráfico de drogas inclusive pela maconha cresce e alcança números assustadores, mas ressaltam que a proibição só fortalece aos que comercializam e a setores corruptos do governo e iniciativa privada.

“Proibicioniosmo não é a solução. Precisamos de políticas que dialoguem com a realidade e que ponha fim à cultura de morte que ronda os usuários de psicoativos. Legalizar pela vida!”, postaram os manifestantes na página oficial do movimento, em uma rede social.

*O intervalo de confiança estimado da pesquisa é de 95% e a margem de erro máxima é de 3,0 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.

 

Por: Ludmila Calheiros/Cada Minuto

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Publicado em: 26/08/2013 às 08:32

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