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Alagoas vive uma ‘pandemia’, diz advogado sobre aumento da violência
Para Pedro Montenegro, o Governo errou ao comemorar a redução dos casos de homicídios
O advogado Pedro Montenegro classificou como “pandemia” o estado de violência contra jovens em Alagoas. De acordo com o advogado, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificam como “epidêmicos” os estados que em um ano apresentam índices acima de 10 homicídios para cada 100 habitantes. “Alagoas registrou 456 homicídios envolvendo jovens entre 15 a 29 anos. Vivemos uma ‘pandemia’, segundo os dados da OMS temos índices alarmantes”, declarou.
O ex-secretário municipal de Direitos Humanos e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública fez uma análise dos resultados de um ano de implantação do programa federal Brasil Mais Seguro, em Alagoas. Para Pedro Montenegro, o Governo errou ao comemorar a redução dos números de violência. “O programa exigia a criação de um plano estratégico de segurança, que o Estado nunca apresentou ao Governo Federal. Passado um ano de projeto, houve uma acomodação nas ações, como na presença da Força Nacional e a redução de oito para um helicóptero. Isso diminui a sensação de segurança da sociedade”, disse.
Segundo o advogado, o programa consiste na investigação criminal, porém teve seu foco desviado no Estado. “Alagoas continua com um estoque grande de inquéritos homicidas que ainda não foram solucionados. A impunidade também é um fator de continuidade da violência”, declarou Montenegro.
Para Pedro Montenegro, a sociedade não demonstra inquietação quanto aos números alarmantes de homicídios por sentir certo afastamento dos fatos violentos. O advogado afirma que há dez anos os casos de violência são registrados na zona periférica da cidade. “É um fato histórico e geograficamente comprovado. A grande violência em Maceió está registrada nos mesmos bairros. Os crimes não acabam, e ocasionalmente migram de lugar”.
Montenegro ressalta que os fatos acontecem em regiões de baixos IDH, na capital. “A violência é um fenômeno multicausal. O Estado não oferta saúde, educação, lazer para os jovens que entram ou são vítimas do mundo do crime”, ressaltando a importância de investimentos nestas áreas.
Um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) apontam os crescentes gastos com ações de segurança que não garantem na redução dos números da violência. O custo econômico da violência no Brasil é de R$ 79 bilhões, o que representa 1,6% do PIB nacional. Em Alagoas, este gasto corresponde à 6% do PIB estadual.
Pedro Montenegro também destacou a falta de motivação para os servidores da área de segurança pública. Só em Alagoas, nos últimos dez meses, o Governo Federal aplicou R$ 14 milhões somente com gastos para a Força Nacional.
“Estes recursos poderiam ser investidos em ações de garantia da vida. Para aperfeiçoar os gastos com a segurança pública, seria necessário um plano para o tratamento emergencial e depois para estabilizar e criar ações permanentes para reverter o quadro de violência. O Governo também poderia firmar convênios com a União para garantir melhores remunerações aos nossos profissionais da segurança”, disse o advogado.
Por: G1
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Publicado em: 18/08/2013 às 07:42
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