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Com contas bloqueadas, BBom deposita R$ 2,5 milhões para mulher de diretor

Procuradora da República diz que objetivo era driblar congelamento; presidente nega

O Grupo BBom, que está com as contas congeladas pela Justiça por suspeita de ser uma pirâmide financeira , depositou R$ 2,5 milhões na conta da mulher do diretor de marketing da empresa, Ednaldo Bispo.

Para o Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), que fez a denúncia, tratou-se de uma tentativa de furar o bloqueio de verbas determinado em julho pela 4ª Vara da Justiça Federal em Goiás.
“Todas as contas da empresa estão com determinação de bloqueio. Eles [ responsáveis pela empresa ] tentaram sacar transferindo o dinheiro para a conta dela”, disse ao iG a procuradora da República que atua no caso, Mariane de Mello. O saque foi barrado pela Justiça.

João Francisco de Paulo, presidente da Embrasystem – dona da marca BBom –, diz que os recursos bloqueados dizem respeito ao pagamento de serviços prestados por Bispo.

“É caluniosa essa notícia [ de desvio ]”, diz Paulo ao iG . “Eu peguei dinheiro emprestado [ para pagar Bispo ].”

Em nota, a Embrasysteminformou ainda que Bispo possui uma conta conjunta com a esposa, e que nesta quarta-feira (14) entregará à Justiça informações sobre o fato.

“A Embrasystem reitera que continuará buscando as vias judiciais para fazer valer os seus direitos”, diz o texto.

300 mil associados em meses

Surgida em fevereiro, a BBom é apresentada como braço de marketing multinível da Embrasystem, que atua no ramo de rastreadores. Com a promessa de lucros com a revenda desse tipo de equipamentos, em poucos meses o negócio atraiu em questão de meses cerca de 300 mil associados, que pagaram taxas de adesão de R$ 600 a R$ 3 mil.

Para o MPF-GO, porém, o esquema é uma pirâmide financeira pois o negócio se sustentaria com as taxas de adesão, e não da venda de rastreadores. O MPF-GO diz que a Embrasystem vendeu 1 milhão de rastreadores, mas só comprou 16 mil de seu principal fornecedor.

Em 10 de julho, foram bloqueadas as contas da Embrasystem, que usa os nomes fantasias BBom e Unepxmil, e da BBrasil Organizações e Métodos LTDA , além dos sócios proprietários. Ao todo R$ 300 milhões foram congelados.

Mariane, do MPF-GO, informou que por questão de sigilo não poderia dizer se os R$ 2,5 milhões depositados na conta de Cristina Dutra Bispo, mulher de Bispo veio de uma dessas contas bloqueadas ou de alguma outra.

“O que posso lhe dizer é que esse dinheiro saiu do grupo Embrasystem. É dinheiro do consumidor, que deveria ser devolvido para o consumidor e que o grupo tentou sacar em benefício próprio”, diz a procuradora da República.

O flagrante fez com que também as contas de Bispo e da mulher fossem congeladas, segundo a procuradora da República. “Outros gerentes ou empregados ou grandes divulgadores fizerem a mesma coisa vão sofrer a mesma consequência e poderão vir a responder como réus.”

O MPF-GO informa que o objetivo do congelamento é garantir o ressarcimento dos associados que investiram na BBom. Uma ação civil pública nesse sentido foi protocolada no início do mês de agosto, mas ainda não tem data para ser julgada .

Telexfree também foi acusada
Sujeita ao mesmo tipo de bloqueio desde junho, também por suspeita de ser uma pirâmide financeira, a Telexfree – que alega atuar no mercado de telefonia VoIP – também foi acusada de ter tentado desviar recursos logo após o congelamento.

No dia 19 de junho, um dia depois de a Justiça do Acre determinar o congelamento dos recursos da Ympactus Comercial LTDA (razão social da Telexfree), os responsáveis pela empresa tentaram transferir R$ 101 milhões a duas outras companhias do mesmo grupo. A ação foi barrada por nova decisão judicial.

O advogado da Telexfree, Horst Fuchs, argumentou à época que as transferências eram legais e diziam respeito ao pagamento de serviços e à expansão da estrutura da empresa.

Fonte: IG Economia

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Publicado em: 13/08/2013 às 20:46

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